segunda-feira, março 26, 2007

UNAÍ É EXEMPLO DE ABASTECIMENTO, MAS NÃO TEM USO RACIONAL DA ÁGUA

Na semana passada eu publiquei, em primeira mão, a informação de que Unaí é tida como exemplo no abastecimento de água. A afirmação é de uma Organização Não Governamental britânica. O relatório da ONG diz que apenas quatro cidades brasileiras devem ser copiadas quando o assunto é abastecimento de água e tratamento de esgoto. Unaí está entre elas. Mas a satisfação dos unaienses de verem a cidade se destacar no cenário mundial deve parar por aí. Quando se trata de uso racional, Unaí não tem o que comemorar.

É uma questão cultural. A água sempre foi abundante e temos a tendência de acreditar que ela nunca vai acabar. Não é verdade. A água é finita e segundo estudos sérios, realizados em todo o planeta, a água potável deve ficar escassa em, no máximo, 50 anos. Segundo a Organização Não Governamental WWF, dois milhões de pessoas morrem todos os anos por falta de água. É um absurdo imaginar que em pleno século XXI tantas pessoas não tenham acesso a uma necessidade tão básica quanto a água. Mais absurdo ainda é desperdiçar o bem mais precioso do nosso planeta como fazem muitas pessoas. Algumas delas, unaienses.

Há algum tempo, em Unaí, eu percebi que a calçada de uma certa loja lavava era lavada todos os dias (fica numa esquina, por isso a calçada é maior que o normal). E daquele jeito: um rodo e a mangueira para empurrar areia, terra, grama, sujeira em geral. Não sei calcular quanta água é desperdiçada numa ação como essa. De qualquer forma é água boa sendo jogada fora de forma estúpida. Eu entrei na loja, depois de alguns dias em que a cena se repetia. Fui comprar algo e perguntei ao dono porque ele pedia aos funcionários para lavar a calçada toda manhã. Ele respondeu que gosta de ver a porta da loja sempre limpinha. Eu questionei que do jeito que faziam muita água era jogada fora. A resposta dele me surpreendeu: "não tem importância. Minha água é de poço artesiano e por isso não pago nada". Ações e pensamentos como esse são mais comuns do que se imagina. E em Unaí não é diferente. O que adianta sermos conhecidos como exemplo de abastecimento e continuarmos jogando água fora? Ter racionalidade no uso da água é como deixar de jogar lixo nas ruas ou dizer "obrigado" a alguém. É uma questão de costume e, principalmente, educação. Como todos sabem, a água não é um bem particular. A água é de todos nós. O nome da nossa cidade, também. Espero que todos passem a gostar da água como gostam da cidade. Se não, é melhor lavar a calçada todos os dias e ver nossa cidade suja. Pelo menos a fama dela vai ficar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Claro que temos o que comemorar, e muito.

O primeiro passo da racionalidade no uso da água é exatamente a universalização.

Somente após todos terem água vc pode entrar com campanhas para economizar. Seria hipócrita colocar chamadas na Tv para economizar, e a pessoa lá no mamoeiro nem ter torneira em casa.

Ao atingir a universalidade demos o primeiro passo no uso racional. Cidadania é isso. Universalidade é isso.

Economizar só depois de dar água a todos. Aí sim, aí podemos falar em campanhas.

E as cidades que não tem água em 100% da população, quantas são? E por acaso alguma delas pode ser exemplo de racionalidade ou de universalidade?

Ou seria:

Viva Dona maria que economiza, mas sua empregada, que lava a calçada com pouca água, ainda não tem água lá na favela.

O que é racionalidade?

Unaí não está no caminho, já não deu o primeiro e mais importante passo na racionalidade democratizando a água? Devemos parar de comemorar ?????????

Anônimo disse...

Concordo com o Cristiano. Nós não usamos a água como deveríamos e não fazemos nada para que isso melhore Ter o reconhecimento de uma ONG internacional é bom e devermos comemorar. Mas não podemos achar que isso é o bastante e temos de cobrar para que as coisas melhorem mais ainda. E a falta de consciência das pessoas ao jogar água fora é um problema que devemos combater. Consicientizar é legal.

Joana D'arc