sexta-feira, julho 20, 2007

UM DOS MESTRES DA MPB

Hoje é dia de homenagear um mestre da MPB: Edu Lobo. Ele é carioca, filho do compositor Fernando Lobo e começou na música tocando acordeom. Depois se interessou pelo violão e dedicou-se ao instrumento, contra a vontade do pai. Passou a freqüentar shows em bares de Copacabana e formou um conjunto com Dori Caymmi e Marcos Valle, que chegou a se apresentar algumas vezes. Em 1962 compôs a primeira parceria com Vinicius de Moraes, Só Me Fez Bem. Gravou no mesmo ano o primeiro compacto, com canções tipicamente de bossa nova.

Mais tarde desviou-se um pouco dessa tendência, adotando uma linha mais combativa de cultura popular, graças à parceria com Ruy Guerra, que resultou em composições como Canção da Terra, Reza e Aleluia. Fez trilha para teatro, participou do evento Arena Conta Zumbi em 1965 em São Paulo, onde estreou um de dos maiores sucessos, Upa, Neguinho, em parceria com Gianfrancesco Guarnieri, mais tarde gravada por Elis Regina. Participou dos festivais de música popular, obtendo o primeiro prêmio em 1965 com Arrastão (com Vinicius de Moraes) e em 1967 com Ponteio, parceria com Capinam.

Entre 1969 e 1971 morou nos Estados Unidos, onde aprofundou os estudos musicais. Nessa época trabalhou com Sergio Mendes e Paul Desmond. De volta ao Brasil, lançou discos solo e em parcerias ilustres, como Edu e Tom, em 1981, e O Grande Circo Místico, de 1983, com composições suas e de Chico Buarque interpretadas por outros artistas. Nos anos 90 lançou discos com músicas inéditas e compôs trilhas para filmes como Canudos, de Sérgio Resende. Seu CD Meia-noite (1995) recebeu o prêmio Sharp de melhor disco de música popular brasileira do ano.

A música que escolhi para hoje é de 1978, do álbum Camaleão: Lero-lero. Essa canção é um sambinha magnífico e tem a letra divertida. Amantes da boa música, com vocês, Edu Lobo.


Sou brasileiro de estatura mediana
Gosto muito de fulana mas sicrana é quem me quer
Porque no amor quem perde quase sempre ganha
Veja só que coisa estranha, saia dessa se puder

Não guardo mágoa, não blasfemo, não pondero
Não tolero lero lero devo nada pra ninguém
Sou descasado, minha vida eu levo a muque
Do batente pro batuque faço como me convém

Eu sou poeta e não nego a minha raça
Faço versos por pirraça e também por precisão
De pé quebrado, verso branco, rima rica
Negaceio, dou a dica, tenho a minha solução

Sou brasileiro, tatu-peba taturana
Bom de bola, ruim de grana, tabuada sei de cor
Quatro vez sete vinte e oito nove fora
Ou a onça me devora ou no fim vou rir melhor

Não entro em rifa, não adoço, não tempero
Não remarco, marco zero, se falei não volto atrás
Por onde passo deixo rastro, deixo fama
Desarrumo toda a trama, desacato Satanás

Sou brasileiro de estatura mediana
Gosto muito de fulana mas sicrana é quem me quer
Diz um ditado natural da minha terra
Bom cabrito é o que mais berra onde canta o sabiá

Desacredito no azar da minha sina
Tico-tico de rapina, ninguém leva o meu fubá

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