segunda-feira, julho 09, 2007

FOI SAUDADE DA BAHIA

Gilberto Gil é um excelente músico, bom cantor, ótimo letrista e conhecido, também, por suas frase que dizem tudo e não dizem nada. Eu o entrevistei dias atrás, como ministro da Cultura. Fiquei cara a cara com as palavras ao vento, com o jeito baiano de falar e com a quantidade de gestos acima do normal.

Gilberto Gil já trabalhou na Gessy-Lever, no Rio, na década de 60. Mas após o expediente catava em barzinhos. Foi nessa época que conheceu Chico Buarque. Pouco depois participou de um festival com a música Domingo no Parque. Nesse mesmo festival, Caetano Veloso apresentou Alegria, Alegria. Era o início da tropicália. Era o início também de uma época de perseguição política. Quem não falava a língua da ditadura morria ou tinha de sair do país. Gil, Caetano e outros saíram. Os dois foram para Londres. Lá, Caetano fez London London. Gil apresentou Back in Bahia. Essa música conta a saudade que sentia do país, mais precisamente da Bahia. Eu ouvi essa música neste fim de semana e ela não me saiu da cabeça. Por isso, ofereço a vocês. Amantes da boa música, com vocês, Gilberto Gil.


Lá em Londres, vez em quando me sentia longe daqui
Vez em quando, quando me sentia longe, dava por mim
Puxando o cabelo nervoso, querendo ouvir Celly Campelo pra não cair
Naquela fossa em que vi um camarada meu de Portobello cair
Naquela falta de juízo que eu não tinha nem uma razão pra curtir
Naquela ausência de calor, de cor, de sal, de sol, decoração pra sentir
Tanta saudade preservada num velho baú de prata dentro de mim

Digo num baú de prata porque prata é a luz do luar
Do luar que tanta falta me fazia junto com o mar
Mar da Bahia cujo verde vez em quando me fazia bem relembrar
Tão diferente do verde também tão lindo dos gramados campos de lá
Ilha do Norte onde não sei se por sorte ou por castigo dei de parar
Por algum tempo que afinal passou depressa, como tudo tem de passar

Hoje eu me sinto como se ter ido fosse necessário para voltar
Tanto mais vivo de vida mais vivida, dividida pra lá epra cá

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