terça-feira, junho 26, 2007

O INÍCIO DE NEY MATOGROSSO

Essa é a capa de um dos melhores discos da MPB. Secos e Molhados, com os vocais de Ney Matogrosso, foi uma das bandas mais performáticas que o país já viu. Talvez a mais performática de todas. Em 1973, o grupo lançou o primeiro LP e chocou a todos. Um homem com voz agudíssima, requebrando, rebolando e se expondo de maneira indecente para a época. Tanto ele quanto os companheiros de banda se apresentavam pintados, a fim de se esconderem, como diriam algum tempo depois. Não importa. A verdade é que eles faziam um som alucinante, que marcou a Música Popular Brasileira para sempre. O primeiro disco vendeu 300 mil cópias, um marco para a época. Ainda mais para uma banda até então desconhecida.

A capa desse disco mostra bem o que eles queriam: chocar. E conseguiram. As letras das músicas chocavam, o visual chocava, as apresentações chocavam. Mas tudo isso foi encoberto pela qualidade musical apresentada. Os grandes sucessos foram O vira, Sangue Latino, Flores Astrais, Rosa de Hiroshima. Além disso, eles gravaram músicas de Caetano, Vinícius de Morais e outros grandes nomes. Ney Matogrosso cantando Tigresa, de Caetano Veloso, é explêndido. Mas a música que escolhi para hoje é outra. O patrão nosso de cada dia. Essa música é lindíssima e merece estar aqui na semana das bandas que já se disfizeram. Amantes da música, com vocês, Secos e Molhados.


Eu quero o amor
da flor de cactus
Ela não quis

Eu dei-lhe a flor
de minha vida
vivo agitado

Eu já não sei se sei
de tudo ou quase tudo
Eu só sei de mim
de nós
de todo o mundo

Eu vivo preso
a sua senha
Sou enganado

Eu solto o ar
no fim do dia
perdia a vida

Eu já não sei se sei
de nada ou quase nada
Eu só sei de mim
só sei de mim
só sei de mim

O patrão nosso
de cada dia
dia após dia

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