CASO BÁRBARO EM BRASÍLIA

No dia 14 de maio, uma adolescente de 14 anos desapareceu. De lá pra cá, a mídia tentou ajudar a família, os pais fizeram cartazes com foto da menina e espalharam pela cidade e nada foi encontrado. Mas uma pista macabra parece ter acabado com o mistério. Uma ligação anônima à polícia deu conta de uma cabeça num matagal, em Samambaia. Um parente da garota foi ao local e se emocionou ao ver o crânio. Leia, na íntegra, a matéria do jornal Correio Braziliense para entender o caso melhor. A reportagem é de Jorge de Castro e Guilherme Goulart. A foto, de Gustavo Moreno.

Policiais militares de Samambaia encontraram ontem num matagal o crânio de uma mulher, possivelmente de uma adolescente. Investigadores da Divisão de Repressão a Seqüestro (DRS) estiveram no local no início da noite e acompanharam as primeiras análises feitas pela perícia no local e na parte do corpo. Apesar da falta de um exame detalhado, há chances de que o crânio seja da estudante Isabela Tainara Faria, de 14 anos. A garota desapareceu em 14 de maio no Sudoeste, no percurso de 500m entre o curso de inglês na quadra 304/504 e o apartamento da família na 305.

Não é a primeira vez que a localização de um corpo de adolescente chama a atenção da DRS. Uma equipe da delegacia se deslocou há uma semana para Paracatu (MG), mas uma família local reconheceu o corpo como sendo de um parente. A informação sobre a suspeita de Minas Gerais surgiu de uma denúncia anônima. A mesma forma usada ontem para repassar a notícia de que havia um crânio abandonado no matagal nos fundos do Condomínio Vila Nova, em Samambaia. O grupo de policiais militares chegou ao lugar, ermo e de difícil acesso, por volta das 17h. O crânio foi encontrado com uma corda e uma calça jeans enroladas na altura do pescoço. Mesmo em avançado estado de decomposição, foi possível identificar a cabeça de uma adolescente de cabelos crespos. Familiares de Isabela estiveram no local e desconfiam de que o crânio seja mesmo da garota. Um cunhado dela, identificado apenas como Cleisson, chorou ao olhar para os restos mortais. “As feições e os contornos do rosto são muito parecidos com os da Isabela!”, disse, transtornado.

Fontes policiais afirmaram que a cabeça pode estar no local há pelo menos 40 dias. Antes da chegada dos investigadores da DRS, os PMs vasculharam ao redor do terreno. Mas não encontraram o restante do corpo. Há suspeitas até de que a vítima não tenha sido morta na região e de que apenas a cabeça foi jogada na área de cerrado. À noite, os arredores do matagal foram isolados por peritos da Polícia Civil do DF. Eles percorreram o lugar até as 22h de ontem e também não encontraram vestígios do corpo.

Os investigadores suspeitam que a denúncia da existência do crânio teria sido feita de um telefone público próximo ao matagal.O trabalho de busca do corpo recomeçará a partir das 7h, quando haverá nova varredura. Já o crânio será submetido hoje a uma perícia no Instituto de Medicina Legal. A identificação da vítima terá de ser feita por exames na arcada dentária. Os restos mortais localizados pela polícia serão comparados com um raio x do maxilar de Isabela Tainara, cedido pela própria família. Possivelmente hoje pela manhã seja reveladas a identidade da vítima.

SINAL EM SAMAMBAIA

O último contato da estudante com a família ocorreu às 19h45, uma hora e quinze minutos após o horário usual de chegada dela. A mãe, Edite Faria, que estranhou o atraso da filha, ligou para o celular dela. A jovem atendeu e avisou que voltaria para casa de carona. A ligação caiu logo em seguida. Edite percebeu uma voz masculina ao fundo e também um carro em movimento. Ela tentou ligar outras vezes para Isabela, mas não conseguiu mais resposta. A investigação da DRS descobriu que o sinal do celular da jovem partiu de Samambaia, justamente o local onde foi encontrado o crânio de uma mulher. A cidade também é o endereço de parentes da estudante.