TITANOMANÍACO DA CABEÇA AOS PÉS
Quando os Titãs surgiram, no início dos anos 80, um integrante chamou a atenção. Não só pelo jeito de se vestir ou pelo corte de cabelo. Arnaldo Antunes se destacou dos demais pelas letras poéticas, jeito de cantar e de dançar. Estava nascendo um artista que tinha luz própria e por dez anos emprestou essa luz aos Titãs. Mesmo durante esse tempo, ele não deixou de publicar livros de poemas e após sair do grupo colaborou com letras para alguns discos titânicos. Em carreira solo, ele lançou o primeiro disco em 1993 e o último, em 2005. E é desse álbum que eu retiro a música do dia de hoje. Saiba me chamou a atenção desde o início. É uma letra surpreendente nos atrai ao pensamento de que todos nós somos iguais, apesar de as agruras diárias nos fazer esquecer disso. Antes de tudo, é um poema musicado, o que torna mais fácil a leitura apenas, sem música. Amantes da boa música, com vocês, Arnaldo Antunes.
Saiba: todo mundo foi neném
Einstein, Freud e Platão também
Hitler, Bush e Sadam Hussein
Quem tem grana e quem não tem
Saiba: todo mundo teve infância
Maomé já foi criança
Arquimedes, Buda, Galileu
e também você e eu
Saiba: todo mundo teve medo
Mesmo que seja segredo
Nietzsche e Simone de Beauvoir
Fernandinho Beira-Mar
Saiba: todo mundo vai morrer
Presidente, general ou rei
Anglo-saxão ou muçulmano
Todo e qualquer ser humano
Saiba: todo mundo teve pai
Quem já foi e quem ainda vai
Lao Tsé Moisés Ramsés Pelé
Ghandi, Mike Tyson, Salomé
Saiba: todo mundo teve mãe
Índios, africanos e alemães
Nero, Che Guevara, Pinochet
e também eu e você
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