segunda-feira, maio 28, 2007

LUZ PARA TODOS?

Para o agricultor Ivan Geraldo Barros, de 49 anos, coisas simples como beber um refrigerante gelado ou assistir ao telejornal é ainda um sonho distante. Sem energia elétrica na propriedade rural, na comunidade da Estiva, a 18 quilômetros de Paracatu, ele e a esposa não podem guardar alimentos em casa, dependem da lamparina em pleno século 21 e não conseguiram manter seus dois filhos no campo. Ivan é um dos que ainda não foram beneficiados pelo Programa Luz Para Todos, desenvolvido em parceria pelos governos federal e estadual.


O atraso na execução do programa na Região Noroeste de Minas levou a Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembléia Legislativa de Minas Gerais a Paracatu, onde foi realizada uma audiência pública, nesta sexta-feira, dia 25, para discutir o problema. Prefeitos e vereadores de cidades vizinhas, líderes comunitários e moradores da região lotaram o plenário da Câmara Municipal para cobrar de representantes da Cemig mais rapidez na conclusão do projeto e transparência na elaboração das metas para a eletrificação rural na região.


"Não é possível que ainda exista nos dias de hoje gente morando no campo sem energia elétrica", afirmou o deputado Almir Paraca (PT), autor do requerimento que deu origem à audiência. O parlamentar lamentou o fato de o programa estar atrasado no Noroeste do Estado, em comparação com outras regiões de Minas. "O projeto não serve apenas para levar conforto à população que mora fora das cidades, mas para fixar o homem no campo", enfatizou.


O coordenador Estadual do Programa Luz Para Todos, Marcílio Magalhães, admitiu o atraso, mas justificou: "A Região Noroeste do Estado tem muitas peculiaridades. As propriedades são muito distantes das redes de distribuição. Além disso, a área é muito vasta e de baixa densidade demográfica, o que dificultou o trabalho". Marcílio informou ao público que a intenção continua sendo declarar a universalização da luz no Estado até dezembro de 2008.

O gestor de contratos do Luz Para Todos, José de Bastos Pereira, disse que a demanda aumentou desde junho de 2004, quando foi feito o primeiro levantamento das propriedades rurais sem luz na região. Segundo ele, há deficiências nos sistemas de transmissão de energia no Noroeste, o que obrigou a Cemig a desenvolver um projeto reestruturador para sanar o problema. "Propriedades foram desmembradas e houve gente que se cadastrou tardiamente. Há locais com muita dificuldade de acesso, para onde postes e transformadores estão sendo levados de carros de boi", contou.


Ele lembrou que a Cemig já realizou 176 mil ligações no Estado, sendo a concessionária com os trabalhos mais adiantados do País. "Estamos falando do maior projeto de eletrificação rural do mundo. São 65 mil quilômetros de rede, 120 mil transformadores e 520 mil postes. De toda rede rural já construída pela Cemig, 22% estão sendo feitos de dois anos para cá", informou.

O coordenador de Divulgação do Programa Luz Para Todos, Higino Zacarias de Souza, reconheceu que a falha no cadastramento das famílias é uma das causas do atraso na execução do projeto no Noroeste mineiro. "O primeiro cadastramento foi feito a toque de caixa, e agora estamos pagando o preço. Essa falha não vai se repetir mais". Ele admitiu que cerca de 1.100 famílias ainda não foram atendidas em Paracatu.


O deputado Weliton Prado (PT), presidiu a reunião. Ele e Almir Paraca apresentaram dois requerimentos, solicitando visitas à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Os objetivos são pedir a liberação de mais recursos para a execução do programa e tentar impedir o aumento da tarifa de energia elétrica no Estado, que está sendo pleiteado pela Cemig junto à agência reguladora.

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