TROCA-TROCA DE PARTIDO É INFIDELIDADE PARTIDÁRIA?
Um levantamento prévio aponta que pelo menos 10% dos deputados federais eleitos em outubro passado vão trocar de partido antes da posse, em fevereiro. O que nos leva à seguinte questão: uma pessoa resolve se candidatar a algum cargo político. Por isso, procura um partido com o qual, teoricamente, tem afinidades. Esse partido o indica a ser candidato pela sigla. O fulano é eleito e pouco depois abandona aquele partido. É a infidelidade partidária. E não é de hoje que isso acontece. Desde a república velha trocar de partido é tão comum quanto trocar de roupa.
Nesse caso, há uma questão muito importante que deve ser levada em consideração. A coeficiência eleitoral. É que no Brasil a eleição é baseada no sistema proporcional de votos. Isso quer dizer que um deputado, por exemplo, pode ser eleito com 30 mil votos pelo partido "A". Mas se fosse candidato pelo partido "B", esse número de votos podeira não ser suficiente para a eleição. Um exemplo que temos em Unaí é nosso deputado Delvito Alves. Ele foi eleito pelo naniquíssimo PTC. Agora, antes de tomar posse, já está nos quadros do poderoso PFL.
Se a filiação ao partido da frente liberal estivesse acontecido antes da eleição, ele não seria deputado. Isso, porque o coeficiente eleitoral do PFL é maior que o do PTC. Mas para ter poder de negociação e a garantia de mais acesso às condições de ajudar o noroeste, um filiado ao PFL é sempre mais bem visto que um do PTC. Houve fidelidade partidária por parte do Delvito? Não. Houve sabedoria em escolher o partido certo para ter chances reais de ser eleito? Certamente. O problema é que muitos políticos usam esse mecanismo para barganhar poder entre um partido e outro. Aí, sim, a infidelidade se torna nociva. Esse assunto está na pauta de discussões da reforma política, menina dos olhos do presidente Lula, para os próximos quatro anos. Mas nesse período, tudo pode acontecer. Será que mudar de idéia é infidelidade?
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